Durante o evento, o Governador de São Paulo,
Tarcísio de Freitas, afirmou:
“A gente está dando uma coisa pra vocês que é
fundamental: ferramenta. Cê sabe que o mercado é cada vez mais exigente, mais
seletivo e menos desapegado com os diplomas. Diploma, cada vez de menor
relevância, a competência tem cada vez mais relevância. O mercado está cada vez
mais interessado em saber o seguinte: quais são suas habilidades e menos
interessado onde você se formou. O mercado está cada vez mais interessado em:
você consegue se comunicar? Você consegue se relacionar com as pessoas? Você
tem habilidade de relações interpessoais? Você consegue resolver problemas? É
este o profissional que eu quero.”
| Governador de SP Tarcisio de Freitas |
Contraponto: por que essa narrativa preocupa
A declaração do governador não é isolada. Ela
compõe um discurso que tem sido recorrente na extrema-direita, tanto no
Brasil quanto em outros países, e que opera com uma lógica perigosa: desestimular
a formação acadêmica e relativizar o valor da educação formal.
Isso é particularmente grave num país como o
Brasil, onde a história mostra que a educação nunca foi acessível de forma
igualitária. Por décadas, quem pertence às elites e à burguesia sempre teve
acesso privilegiado ao ensino de qualidade, inclusive no exterior, enviando
filhos para estudar na Europa e nos Estados Unidos, garantindo-lhes acesso às
melhores vagas, aos melhores salários e às posições de liderança.
Enquanto isso, às camadas populares restava o
“chão de fábrica”, os trabalhos manuais e subalternos, marcados pela
desigualdade estrutural e pela falta de oportunidades educacionais.
Nesse contexto, reduzir o valor dos
diplomas e exaltar apenas a “competência prática” soa como um
discurso hipócrita especialmente vindo de lideranças políticas que não
investem na ampliação do acesso à educação pública, nem defendem condições
para que os jovens possam, de fato, desenvolver competências e habilidades de
forma integral.
Na prática, é um discurso que naturaliza a
desigualdade:
- Quem nasceu com privilégios seguirá estudando nas melhores
instituições.
- Quem depende da escola pública será empurrado a “não precisar de
diploma”.
Esse caminho só reforça as diferenças
históricas.
O caminho oposto: os investimentos do Governo Federal
- Ampliação dos investimentos da creche ao ensino superior.
- Estratégia nacional de escola em tempo integral.
- Retomada do Fies, Reuni II e expansão de universidades e
institutos federais.
- Políticas de alfabetização e formação docente inspiradas no modelo
de sucesso do Ceará, que transformou a educação básica e hoje é
referência nacional.
É um projeto de país que compreende que educação
não é gasto é investimento, e que nenhuma sociedade se desenvolve sem
garantir aos seus jovens acesso pleno ao conhecimento científico, tecnológico e
cultural.
Dois projetos antagônicos para o Brasil
A fala de Tarcísio expõe o choque entre dois
projetos em disputa:
1. O
projeto da direita
- Minimiza o valor da formação acadêmica.
- Naturaliza que “competência” basta sem considerar as
desigualdades de acesso.
- Reduz o papel do Estado na educação.
- Reforça a lógica elitista de que diploma é dispensável, mas apenas
para os pobres.
2. O
projeto progressista
- Defende a educação como instrumento de liberdade individual e
social.
- Trata o acesso ao estudo como direito.
- Investe de forma ampla, sistemática e contínua.
- Reconhece que os países modernos e desenvolvidos chegaram onde
estão investindo massivamente na educação pública.
A História já deu essa resposta:
O conhecimento liberta e sempre libertará.
Claudio Ramos
Radialista e estudante de Jornalismo.
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