| Operação Contenção contra o CV no RJ |
O combate ao crime organizado no Brasil voltou ao centro do debate nacional após duas grandes operações realizadas recentemente em diferentes contextos e com resultados que expõem caminhos opostos no enfrentamento à violência e à criminalidade estruturada.
No Rio de Janeiro, a Operação Contenção teve como alvo o Comando Vermelho, facção que domina áreas importantes da capital fluminense. A ação, que ocorreu na terça-feira (28), mobilizou 2,5 mil agentes das Polícias Civil e Militar, com o objetivo de cumprir 100 mandados de prisão e 150 de apreensão.
Os números, porém, revelam o alto custo humano e a falta de integração estratégica que marcaram a operação:
A operação, centrada na força e na ocupação territorial, terminou com saldo trágico e questionamentos sobre o uso da violência e a ausência de planejamento integrado entre as forças de segurança e órgãos de inteligência.
| Operação Carbono oculto contra o PCC-SP |
Em contraponto, no dia 28 de agosto, coincidentemente o mesmo dia 28, a Operação Carbono Oculto, conduzida em oito estados brasileiros, mostrou um modelo mais técnico e articulado de combate ao crime. O foco foi o esquema financeiro do Primeiro Comando da Capital (PCC), buscando atingir o núcleo econômico que sustenta as atividades ilícitas da organização.
Com 1,4 mil agentes e 350 alvos, a ação envolveu uma ampla rede institucional: Ministério Público de São Paulo (Gaeco), Receita Federal, Polícias Civil e Militar, Secretaria da Fazenda e Planejamento (Sefaz), Agência Nacional de Petróleo (ANP) e Procuradoria-Geral do Estado (PGE-SP).
Os resultados reforçam a eficiência do trabalho planejado e cooperativo:
A comparação entre as duas operações é inevitável, enquanto a Operação Contenção expõe os efeitos de uma política de segurança pública ainda pautada pelo confronto armado e pela ausência de inteligência integrada, a Operação Carbono Oculto comprova que o planejamento, o cruzamento de informações e a parceria entre órgãos de Estado produzem resultados mais eficazes, sustentáveis e sem derramamento de sangue.
O contraste mostra que o futuro da segurança pública no Brasil não está na guerra declarada contra as comunidades, mas na inteligência estratégica e no desmonte financeiro das facções criminosas, atacando o coração econômico do crime e não a periferia da tragédia social.
Por Claudio Ramos – Radialista e estudante de Jornalismo