O debate sobre a mudança da escala de trabalho 6x1 para o modelo 4x3 ou 5x2, representa mais do que uma simples alteração de jornada: trata-se de um passo histórico rumo a uma sociedade que valoriza o ser humano acima da lógica exaustiva do lucro. A proposta, agora encampada pelo Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nasceu de uma legítima mobilização popular que tem emocionado o país e reacendido a esperança por mais dignidade no trabalho.
Tudo começou com o vereador Rick Azevedo, cuja voz ecoou nas redes sociais ao denunciar a crueldade da escala 6x1 aquela em que o trabalhador tem apenas um dia de descanso após seis dias de trabalho consecutivo. Seu desabafo deu origem ao Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), uma iniciativa que, em pouco tempo, mobilizou milhões de brasileiros cansados da rotina que afasta pais de filhos, impede a qualificação profissional e corrói a saúde mental e física dos trabalhadores. O abaixo-assinado digital do movimento ultrapassou 1,5 milhão de assinaturas, mostrando a força e o alcance dessa causa.
| Deputada Federal Erika Hilton & Vereador Rick Azevedo |
A mobilização chegou ao Congresso Nacional pelas mãos da deputada federal Erika Hilton, que protocolou a PEC 8/2025, propondo a redução da jornada semanal de 44 para 36 horas, sem redução salarial, e a adoção de uma nova escala de 4 dias de trabalho por 3 de folga (4x3). A proposta busca alinhar o Brasil às práticas modernas de países como Alemanha, França, Islândia e Reino Unido, onde experiências com jornadas reduzidas resultaram em aumento de produtividade, menor número de afastamentos por doença e maior satisfação dos trabalhadores.
Como em todas as grandes conquistas trabalhistas, a resistência de setores conservadores da economia não tardou a aparecer. Foi assim na época da criação do salário mínimo, do 13º salário e das férias remuneradas direitos que hoje são considerados inquestionáveis. Naquele tempo, diziam que essas medidas “paralisariam a economia”. Hoje, repetem o mesmo discurso, temendo o avanço de uma ideia que coloca a vida e o bem-estar do trabalhador no centro da pauta nacional.
A verdade é que a escala 6x1 é desumana. Ela não respeita o tempo de convivência familiar, o direito ao lazer, à formação pessoal e à saúde. O modelo 4x3, ao contrário, abre espaço para um novo equilíbrio: mais tempo com os filhos, mais oportunidades de estudo e, principalmente, uma vida mais plena e produtiva.
O Governo Lula, ao abraçar essa proposta, demonstra coerência com sua trajetória de luta pelos direitos da classe trabalhadora. O Brasil que queremos para o futuro é aquele que entende que crescimento econômico e qualidade de vida podem caminhar juntos. O trabalho é parte essencial da vida, mas a vida não pode ser apenas trabalho.
Texto opinativo por Claudio Ramos
Radialista e estudante de Jornalismo.
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