quarta-feira, 24 de setembro de 2025

O Poder das Ruas e a Reação da Política

 


As manifestações do último 21 de setembro, convocadas por artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Djavan e Paulinho da Viola, revelaram mais uma vez a força transformadora da sociedade quando ela decide ocupar as ruas. Centenas de milhares de brasileiros protestaram contra a PEC da Blindagem e o projeto de anistia aos golpistas, e os efeitos dessa mobilização não demoraram a aparecer.

Em apenas dois dias, um verdadeiro turbilhão de mudanças tomou conta da política nacional. A começar pela denúncia da PGR ao STF contra Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, acusados de obstrução de justiça e ataques ao Estado brasileiro. Na Câmara dos Deputados, o presidente Hugo Motta barrou a indicação de Eduardo Bolsonaro para a liderança da minoria, ressaltando que um parlamentar ausente do território nacional não pode exercer o mandato como se estivesse presente.

No mesmo compasso, o Conselho de Ética da Câmara abriu processo que pode culminar na cassação de Eduardo Bolsonaro, após ataques ao STF e ameaças ao processo eleitoral de 2026. Enquanto isso, o Senado Federal apresentou um caminho alternativo à paralisia da Câmara, avançando com a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil reais – um projeto de impacto direto para cerca de 20 milhões de trabalhadores, que estava sendo deixado de lado em nome da agenda da extrema-direita.

Ainda no Senado, a expectativa recai sobre o relatório do senador Alessandro Vieira, contrário à PEC da Blindagem, que deve ser apresentado na CCJ, onde o presidente Otto Alencar já se manifestou contra a proposta. O objetivo é claro: sepultar de vez uma PEC considerada imoral e antidemocrática.

Esses movimentos mostram que a política reage quando o povo se mobiliza. A pressão das ruas, somada à indignação popular, obriga as instituições a se moverem, a corrigirem rotas e a atenderem pautas que realmente interessam ao cidadão comum.

Fica a reflexão: se o povo acompanhar de perto seus representantes, muita coisa avança no Brasil. Não basta votar; é preciso fiscalizar, pressionar, ocupar espaços e não se omitir. O recado para as eleições de 2026 é direto: se escolhermos melhor deputados e senadores, nossas preocupações serão menores e nossas conquistas, maiores.

O dia 21/09 já entrou para a história como um marco da força popular sobre a política. A lição é clara: a democracia só floresce quando o povo participa dela ativamente.

Claudio Ramos

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