A recente disputa entre o governo e setores extremistas sobre os preços dos alimentos no Brasil revela mais do que um embate econômico: expõe uma guerra de narrativas carregada de contradições e distorções intencionais. A oposição insiste em afirmar que os custos atuais superam os registrados no governo Bolsonaro, mas os dados oficiais desmontam essa retórica.
A recente disputa entre o governo e setores extremistas sobre os preços dos alimentos no Brasil revela mais do que um embate econômico: expõe uma guerra de narrativas carregada de contradições e distorções intencionais. A oposição insiste em afirmar que os custos atuais superam os registrados no governo Bolsonaro, mas os dados oficiais desmontam essa retórica.
Entre 2019 e 2022, a inflação acumulada no país foi de 34%, um percentual que já foi suficiente para aprofundar crises sociais marcantes. A “fila do osso”, símbolo da escassez de carne para as classes mais vulneráveis, e o aumento do custo de produtos básicos tornaram-se marcas de um período de desigualdade extrema e precariedade alimentar. Hoje, a inflação acumulada nos dois primeiros anos do governo Lula está abaixo de 8%, uma redução expressiva que, somada a outras medidas econômicas, aponta para uma recuperação gradual do poder de compra da população.
São desafios estruturais, muitos deles além do controle imediato de qualquer governo. No entanto, há sinais positivos. Em 2025, a combinação de uma safra agrícola robusta e a desvalorização gradual do dólar — já em curso — poderá estabilizar o mercado, trazendo alívio à população.
Oportunismo político e a manipulação da realidade
O que assusta, porém, não são apenas as crises, mas a hipocrisia de quem as instrumentaliza. Setores da extrema direita, que silenciaram diante da inflação e do aumento da fome durante o governo anterior, agora tentam capitalizar politicamente sobre um momento delicado, ignorando o contexto global e as nuances da economia. Essa estratégia perversa busca distorcer a realidade para alimentar o caos, ao mesmo tempo em que oculta o desastre social e econômico de sua própria gestão.
Mesmo diante desses avanços, o presidente Lula enfrenta resistência de setores da imprensa, do mercado financeiro e da extrema direita, que se recusam a reconhecer qualquer progresso e apostam no caos como estratégia política. É um movimento que demonstra descompromisso com o Brasil e com o bem-estar da população, contrariando o discurso de "patriotismo" frequentemente utilizado por esses grupos.
Essa discussão precisa ir além de disputas partidárias. A segurança alimentar do país depende de planejamento de longo prazo, investimento em agricultura sustentável e políticas de proteção social — e não de revisionismo histórico ou manipulação de dados. Enquanto o debate público for dominado por ataques rasos e narrativas enganosas, milhões de brasileiros seguirão esperando por soluções reais.
A verdade, ainda que inconveniente para alguns, precisa ser o norte. O Brasil só vencerá seus desafios com transparência, responsabilidade coletiva e compromisso real com o desenvolvimento nacional.
Claudio Ramos