O bolsonarismo atravessa uma de suas fases mais turbulentas desde os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Novos episódios recentes escancaram as contradições internas e a dependência do ex-presidente Jair Bolsonaro de figuras externas e religiosas para manter sua influência política.
Plano de fuga para a Argentina
Investigações revelaram discussões dentro do núcleo duro do bolsonarismo sobre um possível plano de fuga para a Argentina. A hipótese seria acionada em caso de prisão preventiva ou de uma condenação rápida por parte do Supremo Tribunal Federal. O tema, tratado inicialmente como especulação, ganha corpo diante da escalada de denúncias contra Bolsonaro e seus aliados.
Anistia "só se for para Bolsonaro"
O filho 03, Eduardo Bolsonaro, adotou tom duro ao falar de possíveis negociações no Congresso em torno de uma “anistia light” para os envolvidos em atos golpistas. Para ele, qualquer anistia só teria sentido se incluísse Jair Bolsonaro. A declaração, além de reforçar a centralidade do ex-presidente no projeto político da extrema-direita, joga pressão sobre parlamentares que defendem uma saída jurídica parcial para militantes presos.
Pressão internacional e tarifação americana
Enquanto enfrenta processos no Brasil, Bolsonaro tenta preservar sua imagem internacional. O ex-presidente recorreu ao advogado pessoal de Donald Trump para tecer elogios ao aliado republicano após os Estados Unidos anunciarem um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros. A tentativa de se colocar como figura de articulação global, no entanto, é vista por analistas como uma manobra para manter viva a narrativa de alinhamento automático com Washington, mesmo em prejuízo da economia nacional.
Malafaia, o verdadeiro chefe
Em meio às movimentações políticas, cresce a percepção de que o pastor Silas Malafaia assumiu o papel de principal articulador do bolsonarismo. Com presença frequente em atos, discursos inflamados e proximidade pessoal com Bolsonaro, Malafaia aparece cada vez mais como a voz que pauta estratégias e discursos do grupo. Para setores da direita tradicional, o protagonismo do pastor demonstra o enfraquecimento institucional do bolsonarismo e a dependência de lideranças religiosas para manter mobilização de base.
Um movimento acuado
Os episódios recentes reforçam a ideia de que o bolsonarismo vive um momento defensivo: acuado pela Justiça, pressionado por sanções internacionais e com sua estrutura política cada vez mais submetida a lideranças externas. O futuro do movimento dependerá de até que ponto Jair Bolsonaro conseguirá evitar condenações e manter a fidelidade de sua base diante de tantas turbulências.