O Brasil atravessa um momento delicado e desafiador em sua trajetória recente. A imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo dos Estados Unidos acendeu o alerta vermelho em Brasília e em toda a sociedade. Essa medida, claramente punitiva, busca pressionar o governo brasileiro a se curvar a interesses externos, abrindo mão de sua soberania em áreas sensíveis como o funcionamento do Judiciário e a condução autônoma da política externa.
Em meio à turbulência, assistimos a posturas antagônicas dentro do próprio país. De um lado, o governo liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém uma posição firme de defesa da soberania nacional, resistindo às tentativas de ingerência e reafirmando o Brasil como uma nação livre e independente, que não aceita tutelas ou chantagens. Lula tem deixado claro que o Brasil não está à venda — nem suas instituições, nem sua dignidade.
Do outro lado, setores que se autodenominam patriotas, mas que, na prática, colocam interesses externos acima dos nacionais, se manifestam de forma escandalosamente subserviente. Em recente entrevista ao canal GloboNews, o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, chegou ao cúmulo de sugerir que o Brasil deveria ceder à pressão do governo norte-americano em troca de supostos benefícios, como a “anistia” ao seu pai. Trata-se de uma proposta inaceitável e perigosa, que flerta com a renúncia da soberania e a violação do pacto democrático.
Ainda mais grave foi o comportamento de outro filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro, que tem atuado como interlocutor informal de setores ultraconservadores nos EUA. Suas declarações nas redes sociais e seus encontros com líderes da extrema-direita norte-americana beiram a conspiração, levantando questionamentos sérios sobre lealdade institucional e compromisso com o interesse nacional.
A situação se agrava com a mensagem publicada pelo ex-presidente Donald Trump em sua plataforma Truth Social, exigindo do Brasil uma série de concessões como condição para revisar as tarifas impostas. A mensagem, em tom imperialista e ofensivo, representa uma afronta direta ao Estado brasileiro e à autoridade do presidente Lula.
É preciso fazer um alerta grave: se o Brasil cede a essa chantagem internacional, o próximo passo será aceitar o retorno à condição de colônia — um estado que deixamos para trás em 1822. Ceder hoje significaria rasgar nossa independência, conquistada há mais de dois séculos. Donald Trump, que flerta com o autoritarismo e a desestabilização de democracias, precisa ser contido. Seu comportamento agressivo e irracional não pode pautar os destinos de uma nação soberana como o Brasil.
O momento exige união e lucidez. Defender o Brasil não é sobre partidarismo, mas sobre princípios. Ceder a chantagens estrangeiras não é estratégia, é submissão. Aceitar a interferência de um governo estrangeiro em nosso Judiciário seria abdicar do Estado de Direito — e isso é inaceitável em qualquer democracia que se preze.
A história julgará com rigor aqueles que, por conveniência política ou ressentimento, se alinham a interesses contrários aos do povo brasileiro. Cabe à sociedade civil, aos movimentos sociais, à imprensa livre e aos verdadeiros patriotas, erguer a voz em defesa da soberania nacional.
Como já afirmou Darcy Ribeiro, "O Brasil é maior do que a crise que o ameaça". E continuará sendo — desde que seus filhos e filhas tenham coragem de defendê-lo dos que, de dentro ou de fora, pretendem entregá-lo.
Claudio Ramos
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