terça-feira, 29 de outubro de 2024

Padre Landell de Moura o brasileiro que inventou o radio

 



Esta quinta-feira (21) merece uma celebração, principalmente, por todos os que estão envolvidos com o fantástico e dinâmico mundo das telecomunicações. Há 160 anos, no dia 21 de janeiro de 1861, nascia, em Porto Alegre, Roberto Landell de Moura, um raro talento científico ainda, não devidamente, reconhecido no país, a partir do esforço de vários brasileiros em resgatarem a memória dele na última década. Padre Landell, como ele gostava de ser chamado, realizou a primeira transmissão “wireless” de voz humana, por ondas de rádio, da história da humanidade.

A proeza aconteceu em 16 de julho de 1899, quando ele era pároco na capela de Santa Cruz, no bairro de Santana, zona norte da capital paulista. Nas dependências do Colégio Santana, ao lado da capela, ele reuniu empresários, o cientista Antônio Francisco de Paula Souza, fundador e diretor da Escola Politécnica, a tradicional instituição de ensino, hoje, integrada à USP, incluindo a imprensa. Em 3 de junho de 1900, repetiu a experiência, ligando o alto de Santana a toda Avenida Paulista, 8 km em linha reta. O cônsul britânico Percy Charles Parmenter Lupton testemunhou o evento, como mostrou uma reportagem da imprensa. Apesar do êxito científico das experiências públicas e de ter patenteado as próprias invenções no Brasil (1901) e nos Estados Unidos (1904), Padre Landell jamais conseguiu concretizar a última etapa do sonho dele: levantar recursos financeiros para desenvolver e implantar um sistema de rádio no Brasil. 


O que ele encontrou pelo caminho foram as pedras da injustiça e da indiferença. Chegaram, inclusive, a destruir o laboratório dele em Campinas (SP), no final do século 19, porque, sombriamente, acreditavam que o padre se comunicava com o demônio... Na mesma época, o italiano Guglielmo Marconi conquistou fama mundial com a invenção do telégrafo sem fio. A radiotelegrafia era, no entanto, bem diferente da invenção do padre-cientista. Marconi fez transmissões de sinais em código Morse, enquanto o brasileiro colocava a voz em ondas de rádio. 54 Quando morou em Nova York e lutava com dificuldades financeiras para sobreviver e para patentear o rádio, Landell começou a projetar a televisão e o telex. Em 1904, antes de outros cientistas, ele já estudava como transmitir imagens e textos por ondas eletromagnéticas – a mesma “estrada”, a partir da qual ele transmitira a voz humana e os sons musicais e que seria, nos tempos modernos, o canal para a criação de diversas invenções “wireless”, como o telefone celular.

Nenhum cientista foi tão abrangente no campo das telecomunicações. O talento dele transbordou, extravasou o tempo. Todo esse esforço gigantesco de criação foi interrompido, sufocado, porque, pelas próprias palavras, o forçaram a abandonar a carreira científica. O obscurantismo o venceu, mas não conseguiu apagá-lo da memória. Padre Landell é merecedor, pelo legado dele, de sair da condição de personagem, à margem da história, para ocupar um lugar de destaque nas histórias do rádio e das telecomunicações.

 FONTE: jornalistasecia1469A.pdf

ELE NASCEU HÁ 160 ANOS E INVENTOU O RÁDIO, MAS O BRASIL NÃO O CONHECE

 (Folha de S. Paulo, 21 de janeiro de 2021)

Eduardo Ribeiro Jornalista 


domingo, 6 de outubro de 2024

Eleições Municipais: O Seu Candidato Representa o Seu Município?

 


Neste domingo, 06 de dezembro, eleitores de 5.570 municípios brasileiros irão às urnas para escolher prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. As eleições municipais são as que trazem a política para mais perto de cada cidadão, com candidatos que convivem diariamente com os problemas locais e, por isso, devem estar preparados para representá-los de forma efetiva.

Entretanto, o cenário atual é preocupante. A violência nesta eleição tem se intensificado, com ameaças, agressões, disseminação de fake news e até mortes envolvendo candidatos. O eleitor precisa estar atento a essas movimentações, pois aqueles que estão por trás dessas ações não querem o melhor para o município – querem, acima de tudo, o seu voto. Eles tentam manipular o processo democrático com interesses escusos e práticas perigosas.



Além disso, é necessário que o eleitor saia do campo da admiração ou idolatria ao candidato e adote uma postura mais racional e crítica. Eleições não são sobre carisma ou promessas vazias, mas sobre escolher alguém que tenha capacidade de gerir o município de forma justa e responsável. A cidade precisa ser boa para todos os seus moradores, e não apenas para os interesses pessoais e paroquiais dos candidatos que buscam o poder a qualquer custo.

Portanto, ao escolher quem vai comandar a sua cidade, questione a integridade, as propostas e o histórico do seu candidato. Pergunte-se: o seu voto tem número ou cifrão? A responsabilidade é sua de garantir que o futuro do seu município esteja nas mãos certas.


Claudio Ramos

sábado, 5 de outubro de 2024

O Problema da Influência das Big Techs no Mundo: Reflexões sobre o Bloqueio da Rede Social X e a Necessidade de Regulamentação

 

Gigantes da tecnologia e inovações

O recente bloqueio temporário da rede social X, de propriedade do bilionário Elon Musk, reacendeu discussões globais sobre a necessidade de regulamentação das big techs, as gigantes da tecnologia. Com um número massivo de usuários, essas plataformas têm se tornado poderosas ferramentas de influência política, econômica e de segurança em diversos países, levantando questões complexas sobre até onde vai seu poder e como ele pode impactar o equilíbrio democrático.

Redes sociais como Facebook (2,9 bilhões de usuários), YouTube (2,5 bilhões de usuários), Instagram (2 bilhões de usuários), TikTok (1 bilhão de usuários) e Snapchat (635 milhões de usuários) são usadas por bilhões de pessoas em todo o mundo, o que faz de seus proprietários figuras centrais na formação de discursos e opiniões. O poder dessas plataformas é imenso, muitas vezes ultrapassando os limites das legislações constitucionais de nações. Elas estabelecem suas próprias regras de uso, frequentemente com pouca ou nenhuma supervisão externa, o que pode gerar conflitos com leis nacionais e princípios constitucionais.

Seis proprietários de grandes empresas de tecnologia têm patrimônios que superam o PIB de diversas nações, tornando-se entidades com peso global significativo. Enquanto os países têm Parlamentos, Tribunais Superiores e Constituições que limitam os poderes dos governantes, as big techs são controladas por seus CEOs e proprietários. Esse cenário levanta preocupações quanto ao impacto que essas plataformas podem ter, especialmente se estiverem sob o comando de indivíduos com ideologias ou interesses questionáveis.

No Brasil, a rede social X e seu proprietário, Elon Musk, enfrentaram duras sanções recentemente, obrigando a plataforma a se adequar às leis brasileiras. Essa ação foi celebrada como um exemplo de como a soberania digital pode ser protegida. No entanto, há um questionamento contínuo: até onde os mecanismos constitucionais dos países podem alcançar a regulamentação dessas empresas globais? A resposta a essa pergunta ainda é incerta.



Desafios e Oportunidades para a Regulamentação

A influência dessas plataformas no cenário global já ultrapassa a simples função de comunicação e entretenimento. Elas têm o poder de interferir em eleições, moldar a opinião pública e até mesmo ameaçar a paz e a segurança, dependendo de quem está no controle e das políticas que adotam. Com bilhões de usuários, essas empresas se tornaram superpotências modernas, com influência que rivaliza com a de muitas nações.

Embora muitos países, como o Brasil, estejam tentando impor regras mais rígidas para controlar o poder dessas plataformas, ainda há muito a ser feito. A questão da regulamentação global é delicada e complexa, já que envolve a soberania digital de diferentes nações, liberdade de expressão e os limites do poder corporativo. Encontrar um equilíbrio entre garantir a liberdade de expressão e, ao mesmo tempo, assegurar que essas plataformas não se tornem ferramentas de abuso de poder, é o desafio que governos e legisladores enfrentam atualmente.

Diante disso, a necessidade de um esforço internacional coordenado para a criação de diretrizes e regras globais que possam controlar as big techs parece ser o próximo passo necessário. Afinal, a influência dessas plataformas transcende fronteiras e sua regulamentação deve seguir o mesmo caminho para proteger o equilíbrio democrático e a segurança global.

Claudio Ramos

 

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Curiosidades das Eleições Municipais de 2024: A Singularidade de Uruoca, Ceará

 

As eleições municipais de 2024 trazem cenários peculiares em várias regiões do Brasil, e o município de Uruoca, no Ceará, não poderia ficar de fora. Com uma população de 13.756 habitantes, a cidade se destaca por um contexto eleitoral bastante inusitado: a disputa para a prefeitura e para a Câmara Municipal envolve apenas dois partidos, o PT (Partido dos Trabalhadores) e o PP (Progressistas).

Dois Candidatos a Prefeito, Dois Partidos

Na corrida para a prefeitura, os eleitores terão que escolher entre Hennedy Aquino, do PT, e Rubens, do PP. A disputa entre os dois partidos revela uma polarização que se reflete também na composição da chapa de vereadores. Não há outros partidos envolvidos, o que torna a eleição um duelo direto entre PT e PP.

Câmara Municipal: 9 Vagas, 18 Candidatos

A curiosidade continua na disputa pelas nove vagas da Câmara Municipal. Ao todo, 18 candidatos estão concorrendo, igualmente divididos entre os dois partidos: nove são do PT e nove do PP. Esse equilíbrio cria uma disputa acirrada, onde a balança entre os dois grupos será decidida voto a voto, tanto no Executivo quanto no Legislativo.

A Curiosidade Não Para Por Aí: A Repetição do Cenário de 2020

O que torna a situação ainda mais curiosa é que esta não é a primeira vez que Uruoca vivencia essa polarização eleitoral. Nas eleições de 2020, o município passou pela mesma particularidade, mas com outros protagonistas. Naquela ocasião, os partidos que dominaram a disputa foram o PDT (Partido Democrático Trabalhista) e o PSB (Partido Socialista Brasileiro). Assim como agora, todos os candidatos a prefeito e vereador pertenciam a esses dois partidos.

Essa repetição mostra um padrão interessante na política local, onde, apesar da troca de siglas dominantes, a dinâmica de competição entre dois partidos principais parece se perpetuar, fazendo com que a cidade vivencie uma espécie de revezamento partidário ao longo dos anos.

O Fator Local e a Força dos Partidos

A repetição desse cenário sugere que a política de Uruoca é fortemente moldada por uma polarização partidária, onde os eleitores têm se concentrado em apoiar majoritariamente dois partidos em cada ciclo eleitoral. Isso reflete a força do trabalho de base de cada um, seja em 2020 com o PDT e PSB, ou em 2024 com PT e PP. Essa dinâmica cria um ambiente político extremamente competitivo e marcado por alternâncias claras entre as forças locais.

Um Cenário de Competição Direta e Duradoura

Com a presença de apenas dois partidos na disputa, o resultado da eleição de 2024 terá impacto direto sobre a governabilidade local, podendo consolidar um partido sobre o outro, como aconteceu nas eleições passadas. Além disso, a ausência de partidos menores na corrida fortalece ainda mais o embate entre PT e PP, deixando a política de Uruoca nas mãos de um único grupo que dominará tanto o Executivo quanto o Legislativo nos próximos quatro anos.

Conclusão

As eleições em Uruoca, Ceará, trazem um cenário incomum, mas que já se tornou quase uma tradição. Em 2020, o município também viveu uma disputa polarizada entre dois partidos, e o mesmo se repete em 2024, agora com PT e PP. Esse fato demonstra como a política local é marcada por uma alternância direta entre duas forças, criando um ambiente de alta competitividade e definição clara nas urnas.

A particularidade de Uruoca, além de ser uma curiosidade no contexto das eleições municipais de 2024, é também um exemplo de como cada cidade do Brasil apresenta suas dinâmicas próprias e únicas, moldadas pelas escolhas dos eleitores e pelo trabalho dos partidos ao longo dos anos.


Claudio Ramos 

 

 

Escravidão no Brasil: Uma História de Resistência e Injustiça que Ecoa até Hoje

  A história da escravidão no Brasil é uma das mais trágicas e complexas da história mundial, marcada por séculos de exploração brutal de pe...