O Ceará atingiu, em 2025, um marco que precisa ser compreendido para além da frieza dos números. Pela primeira vez na história recente, o Estado passou a registrar mais trabalhadores com carteira assinada do que titulares do Bolsa Família. Trata-se de uma virada simbólica e política que desmonta narrativas fáceis e revela a potência de um modelo de desenvolvimento que combina crescimento econômico com proteção social.
Os dados oficiais são claros: 1.463.099 vínculos formais de trabalho contra 1.345.986 titulares do Bolsa Família. São 117 mil trabalhadores a mais no mercado formal, uma diferença de 8,7%. Não é um detalhe estatístico. É um sinal inequívoco de que políticas públicas bem orientadas produzem resultados concretos quando emprego e renda passam a caminhar junto com a assistência social.
É preciso dizer com todas as letras: o Bolsa Família não é o problema, nunca foi. O programa existe para garantir dignidade em momentos de vulnerabilidade. O que o Ceará demonstra agora é que, quando o Estado investe em desenvolvimento, educação, infraestrutura e geração de oportunidades, a política social cumpre seu papel de ponte não de prisão.
Os críticos que insistem em atacar programas de transferência de renda como se fossem entraves ao crescimento ignoram um fato central: ninguém quer viver de benefício. O que as pessoas querem é trabalho, renda estável e direitos. E os números mostram que isso está acontecendo. O Ceará começa a substituir a lógica da sobrevivência pela lógica da autonomia.
Ao considerar apenas os titulares do Bolsa Família, excluindo crianças e adolescentes que não integram a população economicamente ativa, o dado ganha ainda mais força. Mesmo com 3,3 milhões de pessoas atendidas pelo programa, o que cresce de forma consistente é o número de chefes de família inseridos no mercado formal.
O momento exige responsabilidade política. O desafio agora é sustentar esse ciclo virtuoso, garantindo que o emprego gerado seja de qualidade, com direitos assegurados e salários dignos. Ao mesmo tempo, é fundamental preservar e fortalecer a rede de proteção social, porque desenvolvimento não se mede apenas pelo crescimento econômico, mas pela capacidade de não deixar ninguém para trás.
O Ceará dá um recado claro ao país: não existe contradição entre política social forte e mercado de trabalho aquecido. Quando o Estado assume o protagonismo do desenvolvimento, o resultado aparece nos números, na dignidade e na esperança de quem vive do próprio trabalho.
Matéria, radialista, estudante de jornalismo
Claudio Ramos
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