Vivemos em um mundo onde a disparidade econômica atinge níveis alarmantes, e a desigualdade parece ser uma característica intrínseca do capitalismo selvagem que predomina globalmente. É espantoso constatar que cerca de 3 mil pessoas detêm um patrimônio de 15 trilhões de dólares. Para dimensionar essa riqueza, basta compará-la ao Produto Interno Bruto (PIB) combinado de países como Japão, Índia, Reino Unido e Alemanha, que somam aproximadamente 1.708 bilhões de pessoas.
Essa concentração extrema de riqueza levanta questões éticas e sociais significativas. O capitalismo, em sua forma mais crua, tende a favorecer a acumulação de capital nas mãos de poucos, enquanto uma vasta maioria luta para sobreviver. A consequência dessa estrutura é uma crescente desigualdade, onde os ricos se tornam cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais pobres.
Dados estatísticos corroboram essa visão. Segundo o relatório de 2020 da Oxfam, a riqueza dos bilionários do mundo aumentou em 3,9 trilhões de dólares entre março e dezembro de 2020, um crescimento que contrasta brutalmente com a realidade da pandemia de COVID-19, que empurrou milhões de pessoas para a pobreza extrema. Este fenômeno não é isolado; ele reflete uma tendência global de concentração de riqueza e poder.
Em resposta a essa disparidade, o governo brasileiro, sob a liderança do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está promovendo um movimento para a criação de um imposto global sobre os super ricos. A ideia é simples: aqueles que possuem vastos recursos contribuiriam proporcionalmente mais para a sociedade, ajudando a financiar programas sociais e a redistribuição de renda de forma mais justa. Este movimento busca não apenas aliviar a pobreza, mas também criar um sistema econômico mais equitativo e sustentável.
A proposta de um imposto mundial sobre os super ricos tem ganhado força em vários fóruns internacionais. Instituições como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e as Nações Unidas têm discutido a viabilidade e os impactos de tal medida. A ideia é que, com a implementação de um imposto global, seria possível arrecadar recursos significativos que poderiam ser direcionados para saúde, educação, infraestrutura e outras áreas críticas em países em desenvolvimento.
Além disso, um imposto sobre grandes fortunas poderia ajudar a combater a evasão fiscal e os paraísos fiscais, que abrigam uma quantidade significativa da riqueza mundial, contribuindo para a desigualdade. Segundo a Tax Justice Network, cerca de 427 bilhões de dólares são perdidos anualmente em evasão fiscal global, dinheiro que poderia ser investido em serviços públicos essenciais.
A desigualdade gerada pelo capitalismo selvagem não é apenas uma questão de justiça social; é também uma ameaça à estabilidade econômica e política global. As tensões resultantes dessa disparidade podem levar a conflitos sociais, instabilidade política e crises econômicas. Portanto, é imperativo que os líderes globais e a sociedade como um todo enfrentem este desafio com determinação e criatividade.
O movimento liderado pelo governo brasileiro representa um passo importante nessa direção. Ele oferece uma visão de um futuro onde a riqueza é mais equitativamente distribuída e onde as necessidades básicas de todos os cidadãos são atendidas. Embora a implementação de um imposto global sobre os super ricos seja complexa e desafiadora, é uma iniciativa que merece ser explorada e apoiada como parte de um esforço mais amplo para criar um mundo mais justo e sustentável.
Claudio Ramos
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