sábado, 9 de setembro de 2023

Sertão brasileiro se prepara para inaugurar primeira biorrefinaria e impulsionar produção de biocombustíveis até 2024


Planta da família das leguminosas: Agave

O Agave é uma planta suculenta que pertence à família Agavaceae. Essa planta é nativa do México e é conhecida por suas folhas carnudas e espinhosas, que formam uma roseta. Existem várias espécies de Agave, sendo que uma das mais conhecidas é o Agave tequilana, que é usado na produção de tequila.

Além disso, o Agave tem diversas utilidades. Suas folhas contêm fibras duráveis, chamadas de sisal, que podem ser usadas na fabricação de cordas, tapetes, sacos e outros produtos têxteis. O néctar do Agave também é usado como adoçante natural, sendo especialmente popular na produção de xarope de agave como alternativa ao açúcar refinado.

Outra utilidade do Agave é na produção de bebidas alcoólicas, como mencionado anteriormente. A planta é colhida, geralmente quando ela já atingiu a fase de florescimento, e sua cabeça é cortada para a extração do suco. Esse suco é fermentado e destilado para produzir a tequila e outros destilados de agave, como o mezcal.

Além das utilidades mencionadas, o Agave também é apreciado como planta ornamental devido às suas folhas características e pode ser cultivado em jardins e ambientes internos. No geral, o Agave é uma planta versátil e possui diversas utilidades em diferentes áreas.


Mas, não para por ai, a agave possui também um grande potencial na produção de biocombustível e essa descoberta foi observada bem como sua relação direta com a Região Nordestina. O resultado da ciência, pesquisa e a agave podem mudar a região economicamente.

A pesquisa é encabeçada pela Unicamp e a mega empresa a Shell que estão juntas desenvolvendo as pesquisas para transformar  a agave em biocombustível.

O sertão brasileiro deve receber a 1ª biorrefinaria para produção de biocombustíveis em 2024. A usina terá um papel importante no desenvolvimento de uma pesquisa que promete revolucionar o semiárido do país e transformar a realidade socioeconômica de uma região marcada pela escassez de recursos. O projeto Brave (sigla em inglês para Desenvolvimento do Agave Brasileiro), encabeçado pela Shell, Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e Senai Cimatec, estuda o potencial energético do agave. A planta da espécie das suculentas pode se tornar uma alternativa à cana de açúcar e ao milho na produção  de etanol e biogás no interior do nordeste e povoar a região com parques de biorrefino.

O agave tem como uma de suas principais vantagens a capacidade de crescer no terreno semiárido típico da Caatinga, onde outras matérias primas de biocombustíveis não são capazes de se desenvolver.

O gerente de Tecnologia de Baixo Carbono da Shell no Brasil, Alexandre Breda, disse que descobriu sobre o agave através de conversas com pesquisadores e a planta chamou sua atenção pelo seu potencial energético, mas também pela possibilidade de se criar uma nova indústria no sertão brasileiro. “O nosso objetivo é desenvolver o agave como uma nova biomassa para produção de biocombustíveis”, afirmou Breda. “Ela tem essa habilidade de crescer onde nada mais cresce. Então imagina o potencial que isso pode ser como geração de renda, como geração regular para a região”.

 

Além disso, a experiência do Brasil com biocombustíveis facilitou a decisão da empresa em investir no projeto. Com o domínio do país na produção do etanol da cana de açúcar, a Shell procura uma matéria prima que possa ser uma alternativa de produção na Caatinga.

 

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil possui mais de 84 milhões de hectares de semiárido na Caatinga. Já a produção brasileira de cana de açúcar ocupa uma área de 8 milhões de hectares, aponta o Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

 


Na avaliação de Breda, o território amplo para o plantio do agave na região coloca a planta em um patamar acima das outras fontes de bicombustíveis. Contudo, Breda pontua que o agave não vem para substituir a cana de açúcar, mas para complementar a produção de biocombustíveis no país e trazer desenvolvimento sustentável para o sertão. “A gente está buscando é mais uma biomassa, para complementar a cana, para somar à cana, ao milho, para somar a outras biomassas que hoje produzem biocombustíveis. Então a cana de açúcar vai continuar sendo extremamente importante para São Paulo, Mato Grosso, Goiás; o agave não vem para competir aqui como a cana não vai competir no sertão”, declarou o executivo.

 

Em relação ao poder transformador econômico para a região, Breda afirmou que do ponto de vista logístico, não existe possibilidade do agave ser refinado em outras regiões do Brasil. Por isso, para explorar o potencial da planta é necessário a construção de biorrefinarias e de infraestruturas associadas à produção de biocombustíveis.  “Essa indústria de biomassa não dá pra você colher lá [sertão] e trazer a biomassa para o sudeste. Não tem como. Você tem que plantar lá e gerar uma nova indústria”, declarou Breda.


DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

 

O projeto Brave teve início em novembro de 2022 e é dividido em 3 etapas.

 

A 1ª, denominada “Brave Bio”, é liderada pela Unicamp e tem como objetivo selecionar as melhores variedades de agave para a produção de biocombustíveis no Brasil.

 

A 2ª etapa, “Brave Mec”, é responsabilidade do Senai Cimatec e tem foco na mecanização da produção, desenvolvendo maquinários específicos para o plantio e colheita em grande escala. O objetivo é superar a falta de mecanização na cultura do agave.

 

 A 3ª fase, “Brave Ind”, também está a cargo do Senai Cimatec. O objetivo nesta etapa é superar a falta de mecanização na cultura do agave.




Em suma, fica evidente que o agave desempenha um papel fundamental na produção de energia limpa, sendo uma solução promissora para a busca por alternativas renováveis e sustentáveis. Seu cultivo e aproveitamento na região do Nordeste têm potencial para impulsionar significativamente o desenvolvimento econômico local, gerando empregos e abrindo novas possibilidades para os agricultores da região. Além disso, ao contribuir para a diminuição das emissões de gases de efeito estufa, o agave pode desempenhar um importante papel na luta contra as mudanças climáticas, promovendo uma transição energética mais limpa e sustentável. Portanto, é primordial que haja investimentos e incentivos para o cultivo dessa planta no Nordeste, a fim de aproveitar ao máximo seu potencial em benefício da energia renovável e do crescimento econômico regional.


Claudio Ramos 

Site de pesquisa : Poder360/ Embrapa 

09/09/2023

Baturité/ceara 


  






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