quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

A CORRIDA PELA VIDA E PELA SENSATEZ

 

No dia 8 de dezembro de 2020, o Reino Unido se tornou o primeiro país do Ocidente a vacinar a população contra o novo coronavírus. O imunizante aprovado para o uso emergencial foi o desenvolvido pela parceria entre a farmacêutica americana Pfizer e a empresa de biotecnologia alemã BioNTech.


Pouco tempo depois, a aprovação também ocorreria nos Estados Unidos, no Canadá, na União Europeia e assim em diante. No Brasil, as coisas não andaram tão rápido.

Até a tarde do sábado (16) de janeiro de 2021, ao menos 56 países já haviam começado  a imunizar suas populações contra o novo coronavírus.

Com exceção de Rússia, Belarus, Argentina que utilizaram a vacina Russa Sputnik V, e a China, Emirados Árabes, Bahrein, Indonésia, Turquia, África, que utilizaram a vacina CoronaVac assim como a Índia que utilizou a Vacina de Oxford/Astrazeneca a imensa maioria dos países utilizaram o imunizante da Pfzier, as maiores potencias do planeta. A farmacêutica ofereceu também ao Brasil em agosto de 2020 as mesmas condições para que o País estivesse recebendo o imunizante como os demais países, mas, o governo brasileiro impôs condições diferentes dos outros países para comprar o imunizante. Parecia que o brasileiro era um ser diferente dos outros no mundo. E o Brasil não aceitou e o Brasil não reservou o imunizante.

Margaret Keenan, primeira pessoa no mundo a receber a vacina da Pfizer contra a Covid-19 fora dos testes clínicos

É importante dizer que Não está aqui sendo questionada a eficácia das outras vacinas que passaram por rigorosos testes e comprovaram sua eficácia. Como diz o Biólogo Atila Iamarino, todas as vacinas cumpriram as etapas de testes e, portanto, são seguras sua aplicação em humanos. O que se observa é que as exigências   defendidas pelo governo brasileiro foram únicas no mundo e, portanto, desnecessárias. Com isso o Brasil ficou na fila para iniciar sua vacinação tendo que aguardar o envio das doses a conta gota.

Enfermeira Monica Calazans recebeu a primeira dose da CoronaVac 

O início da vacinação no Brasil se deu no dia 23 de janeiro em São Paulo,  logo após o anuncio da Anvisa liberando para uso emergencial a vacina CoronaVac. O Governador de São Paulo João Doria não perdeu tempo e ao vivo realizou a primeira vacinação no Brasil. Essa foto o Presidente Bolsonaro ficou de fora.

Em agosto de 2020 a Pfzier ofereceu ao governo brasileiro 70 milhões de doses. O governo não realizou o pré-acordo. Como os outros países no mundo. Como deveria ser chamado esse ato? Irresponsabilidade, pouco caso com a vida dos brasileiros? Deem o termo que couber. Estamos a 34 dias com uma  média de mortos acima de mil  vidas que poderiam estarem vacinadas não fazendo parte dessa triste estatística.

Em outro momento veio ao conhecimento dos brasileiros outra negligência do Ministério da Saúde O diretor do Instituto Butantã Dimas Covas em reposta as acusações do governo Bolsonaro, apresenta documentos em que prova que o Instituto ofereceu  em três momentos 160 milhões de doses e que foi recusada pelo governo federal. Qual o nome se dar a essa atitude? Descumprimento a Constituição Federal e, portanto, crime contra a saúde pública dos brasileiros?  Uma afronta direta a constituição federal no seu artigo 5º da constituição? 

Diretor do Instituto Dimas Covas

Já poderíamos estar num estágio muito mais avançado na vacinação, assistimos as reduções no contágio pela Covid-19 experimentadas nos países que iniciaram as campanhas ainda em dezembro de 2020. EUA, Israel, Reino Unido, França, Itália, Portugal, Argentina em fim, estaríamos mais aliviados. O que pensa o governo com a manutenção dessas atitudes?

O STF felizmente mandou um recado ao governo federal ao permiti que os governadores e prefeitos possam realizar a compra das vacinas caso o governo não cumpra com o cronograma de vacinação. Um alivio para os brasileiros. O STF não estar interferindo na seara do governo é bom que se diga para depois essa argumentação não seja usada para justificar a não aquisição do imunizante. O STF deu aos  Estados e municípios a prerrogativa de agirem se assim o governo federal não o fizer.

Exemplos não faltam para a compreensão de que essa guerra não será vencida se depender da vontade do governo federal.  

Haverão punições com certeza no futuro para os responsáveis de hoje, não  como não ter, mas, infelizmente as vidas não retornarão para os lares de centenas de milhares de famílias que perderam e ainda perderão seus entes queridos. Nessa guerra no Brasil.

Cidades do Maciço dia a dia

Claudio Ramos

24/02/2021


 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Escravidão no Brasil: Uma História de Resistência e Injustiça que Ecoa até Hoje

  A história da escravidão no Brasil é uma das mais trágicas e complexas da história mundial, marcada por séculos de exploração brutal de pe...